quarta-feira, 22 de maio de 2013

Patagônia


É complicado estabelecer um limite de onde começa a Patagônia. A maioria das fontes consultadas diz que começa na região dos lagos e essa área é conhecida como patagônia norte. Mas a vegetação e o clima da patagônia norte e sul são tão diferentes que é difícil enxergar Bariloche como uma cidade patagônica.

Skyline Fitz Roy e sua turma

A patagônia encanta. Os animais, os lindos campos de gelo, a vegetação. É uma relíquia de um tempo anterior. Tem sinais claros do período da ultima glaciação em forma dos hipnóticos glaciares.  Mas é um ambiente desolador. Tanto a Ruta 40 em direção ao sul quanto a 3 ao norte são milhares – sim, falamos de milhares- de quilômetros com a mesma paisagem: grandiosa e amarela. Chega a ser entediante realizar esses longos trechos de carro. Mas fazer dessa forma te coloca bem no olho do furacão: sim, a patagônia é um território de espaços gigantescos!
E tem ainda o vento. Que começa a soprar manso em Bariloche para vir com toda sua força em lugares como Torres del Paine. Estamos falando de vento tão forte que soltando o corpo contra ele você é impedido de cair no chão. O frio também é bastante mas a sensação com o vento é de muito maior.  É importante e imprescindível estar bem agasalhado e com todas as partes do corpo cobertas. Inclusive rosto. Tente dar um jeito!
A patagônia está em território chileno e argentino, a divisão é política e as atrações se confundem em linhas que delimitam fronteira. Por isso, resolvemos colocar tudo no mesmo post. Também escrevemos alguns posts mais antigos sobre a região, de uma outra viagem. Estão aqui nesses links (El Chaltén e Torres del Paine). Aqui vamos falar sobre a Cueva de las Manos, El Chaltén, El Calafate e Glaciar Perito Moreno na Argentina e Torres del Paine e Purto Natales do lado chileno.
O começo da patagônia nessa viagem se deu na Cueva de las Manos Pintadas, próxima a cidade de Perito Moreno. O local é conhecido pelos negativos de centenas de mãos de homens que viveram na região há 13.000 anos. Uma das técnicas que os antepassados dos Tehuelche usavam era assoprar pigmentos sobre a mão esquerda utilizando canudinhos de ossos. Como esses povos eram semi-nômades, os estudiosos acreditam que as mãos impressas eram uma forma de marcar o seu espaço. Aparentemente, esses povos primitivos seguiam os guanacos que desciam as montanhas para passar o inverno em um clima mais ameno.
Negativos de mãos

Além das mãos, existem alguns desenhos de represntações humanas, cenas de caça, guanacos (inclusive fêmeas grávidas), linhas em zigue zague e formas geométricas. Mas essas são minorias, a maior quantidade é de mãos mesmo. Como aprendemos na Serra da Capivara, é difícil entender o motivo dos homens primitivos deixaram esse tipo de registro e o que eles representam. Mas é interessante perceber que o homem tem a necessidade de se expressar, na Patagônia ou no interior do Piauí. O homem primitivo já demonstrava intencionalidade ao deixar sua marca.
O acesso às pinturas é terrível. De Bajo Caracoles são uns 40 km de rípio ruim. Demoramos bastante para fazer esse trecho.
De lá, seguimos para El Chaltén. A cidade cresceu nos últimos 7 anos. Mas as montanhas, ah meu amigo, essas continuam as mesmas. Temos uma certa sinergia com Chaltén. As duas vezes que lá estivemos estava um sol de dar gosto. E lindas fotos!
Essas montanhas

El Chaltén é a cidade do trekking. O Parque Nacional Los Glaciares tem entrada gratuita aqui e com isso as trilhas são bem populares. Existem trilhas de vários níveis de dificuldade. Dessa vez, nós apenas fomos a Laguna Capri admirar o Fitz Roy em todo seu esplendor. Também caminhamos até um mirante num desvio do caminho. A caminhada é leve e revigorante. O caminho é maravilhoso e os bosques de lenga deixam o lugar mais especial ainda. Começamos a caminhar por volta das 11:30 e com muita calma e descanso, voltamos as 16 horas. Outra coisa ótima dessas trilhas é que praticamente todas têm inicio e fim na cidade. Isso é muito prático!
Mirantes na trilha

Uma dica: antes de se enfiar nas trilhas, passe na Informação turística e pegue um mapa do parque com descritivo de trilhas, nível de dificuldade e estimada duração. Leve um lanchinho energético para aguentar o tranco e aproveite!
O Parque Los Glaciares inicia sua delimitação aqui e é possível caminhar até um glaciar o Piedras Blancas e visitar outro, o Viedma, ali perto. O skyline do Fitz Roy é de tirar o fôlego no final da tarde!

De Chaltén seguimos para El Calafate, uma cidade com muito mais serviços e charme. Não perca de jeito nenhum o cordeiro patagônico, é delicioso e super típico! Além de comermos em restaurantes, nós fizemos uma perna de cordeiro na parrilla que ficou divina! É muito fácil encontrar cordeiro para comprar por aqui. Bom, a quantidade de ovelhas é muito maior que a de humanos na região. Tudo porque a patagônia era um lugar onde se concentravam as fazendas de ovelha principalmente para a lã. Após a vinda dos exploradores, os colonos se fixaram aqui para trabalhar com ovelhas, os ovejeros. Vimos vários ovejeros nos seus cavalos, com seus fiéis cachorros tocando as ovelhinhas de um lado para o outro.
Ovejeros

Enfim, Calafate é simpática, agradável para se caminhar e fazer passeios ao ar livre. Contando que o clima e o vento ajudem, é claro! Mas o objetivo maior de quem vem aqui é visitar o glaciar Perito Moreno. O impacto ao avistá-lo é o mesmo, pode ser a primeira ou a décima vez, você vê aquela muralha de gelo e diz: UAU!

Perito Moreno

O Perito Moreno é um glaciar que continua crescendo, diferente dos outros glaciares que estão retraindo. O crescimento dele é avistável: durante o tempo que você estiver nas passarelas, com certeza irá presenciar enormes blocos de gelo que se desprendem e caem na água, fazendo um barulhão e criando muitas ondas.
Blocos de gêlo caindo

Além de passear nas passarelas, você pode fazer uma navegação pelo lago, chegando mais perto do glaciar. Chama-se Safári Náutico e vale a pena por ter uma ideia melhor da grandiosidade dele.
A altura da parede do glaciar é de 40 metros

Também em El Calafate visitamos o Centro de Interpretação Histórica que conta aproximadamente 100 milhões de anos de história natural e humana da Patagônia Austral. Engloba dinossauros, megafauna, arte rupestre, povos originários, greves, glaciares, ovelhas e sangue. Afinal de contas os nativos que viviam por aqui quase foram exterminados pelos colonizadores. Os motivos? Germes e armas. Lembra um ótimo livro, recomendamos para todos os curiosos da história do homem (Guns, germs and steel- Jared Diomand)
Após esse período em El Calafate, seguimos para o Parque Nacional Torres del Paine, do lado chileno. Criado em 1959, o parque é o cartão postal do Chile! Inúmeras trilhas percorrem diferentes paisagens de pampas, bosques magalhânicos, lagoas e glaciares rodeados de rochas gigantescas de granito que caracterizam a silhueta dos Cuernos e Torres. Também não foi nossa primeira vez nesse parque e o maciço Paine segue imponente.
Cuernos del Paine

Torres del Paine não tem nada a ver com a cordilheira dos Andes, é uma cadeia de montanhas independente. Ao avistá-lo de longe tem-se essa impressão: mas que coisa esquisita!
Skyline envergonhado

Olhando de perto não tem como não se encantar com as montanhas enigmáticas, pedaços de granito. A cada curva da estrada, a silhueta das montanhas se modifica um pouco. Se você tem mais tempo e disposição, não deixe de fazer o circuito W, são as trilhas que entram no meio dessas montanhas. A sensação do Mirante do Francês, estar rodeado de montanhas, é fantástica!
Torres de Paine

Dessa vez, fizemos um passeio básico de carro, parando em mirantes e tirando muitas fotos. Diferente do Fitz Roy, os Cuenos del Paine e sua turma são temperamentais e se escondem da gente nas nuvens. Pegamos um tempo fechado que as vezes se abria, revelando nesgas de lindas paisagens.
Rio Paine

Mesmo com chuva e vento, arriscamos uma caminhada até a praia Grey para avistar o glaciar e admirar os lindos e enormes blocos de gelo azuis que se soltam do glaciar e morrem na praia. Estava muito frio e tivemos que voltar. A caminhada estava desconfortável.
Glaciar Grey

Outra pequena caminhada foi até o Salto Grande, uma cachoeira cor de esmeralda. Aqui o vento é implacável, ele chega canalizado das montanhas e vem com força total. A cachoeira é pequena mas tem uma cor e um volume d’água impressionantes!
Com o carro passamos pelos lagos Sarmiento, Nordernskjold, Pehoé, pelo Rio Paine e ainda, o Lago Toro onde se encontra a ótima Sede Administrativa com muitas informações turísticas relevantes, inclusive uma maquete do parque super didática.
Resolvemos dar uma esticada até Puerto Natales, uma cidade que fica embrenhada no meio de fiordes. Cheia de restaurantes e com uma orla que acompanha o canal marítimo Señoret, a cidade é uma boa base para quem visita o parque. Conta com bons hotéis e restaurantes. E até tem uma réplica dos dedos uruguaios na avenida Costanera. Que na verdade, são obra do artista chileno Mario Irarrázabal.
Fiorde em Puerto Natales

Voltando para El Calafate, passamos na Cueva de Milodón, um sítio arqueológico de valor científico pois nesse lugar encontraram vestígios do homem primitivo patagônico em forma de fogueiras e instrumentos. Do milodón mesmo, apenas encontraram sua pele, mostrando que o homem primitivo conviveu com a megafauna mas foi um dos determinantes para sua extinção (já que eles comiam esses animais). Enfim, a cueva é ok, mas tirar a foto com o milodón, uma espécie de preguiça gigante é  um clássico!
Milodon em tamanho real

Esse trecho foi muito especial para nós. Relembramos nossa viagem a Patagônia, um lugar muito especial que tinha dado muita vontade de voltar. Entretanto, muito mais que isso, fizemos acompanhados com os pais do Mauro, que vieram do Brasil para nos visitar na estrada. Estávamos com muita saudade e passamos uma semana juntos. Enfiamos eles na maior ventania mas passamos um ótimo tempo juntos e todos aproveitamos muito!
Depois de nos despedirmos no aeroporto de El Calafate, seguimos sul na ruta 40. A viagem ainda não terminou. Temos que chegar a Ushuaia!
Encontro no sul da América!


Fauna Patagônica
Nas estradas e nos parques, misturados com os animais de cativeiro ou absolutamente soltos na natureza, cruzamos com os principais animais selvagens da patagônia:

Guanacos
Os guanacos são mamíferos da família dos camelídeos e sua domesticação pelos incas deu origem as alpacas e lhamas. Eles são o orgulho americano já que são o único animal domesticado das Américas. Os guanacos são simpáticos e curiosos. Vivem em rebanhos grandes, espalhados por toda a patagônia, mas aparecem em maior quantidade do lado chileno. O único predador deles é o puma.


Ñandus

Os ñandus ou choiques são aves que parecem o avestruz e a ema. Eles também andam em grupos e são muito fáceis de observar nas estradas. Os ñandus fizeram parte da dieta do homem primitivo patagônico. Uma prova disso é o negativo de uma pata desse animal na Cueva de las Manos.



Condor

símbolo da América do Sul, vive em montanhas mas também habita a patagônia. É difícil saber se você está vendo um condor ou outra ave. Aqui vão algumas dicas para não confundi-lo com um urubu: ele voa muito alto e geralmente, em círculos; ele tem o pescoço branco e as pontas das asas têm penas abertas. Vimos alguns no chão comendo um animal morto e o tamanho dele é impressionante!

domingo, 19 de maio de 2013

Os sete lagos- Argentina

Lago Correntoso

A primeira coisa que descobrimos com relação a famosa rota pelos sete lagos é que eles não são sete. Nove, ou dez talvez. Mas o número 7 é um número místico e provavelmente essa é a inspiração para esse nome. E mais provavelmente quem deu esse nome não era argentino; se fosse seria a “ruta de los 270 lagos”. Brincadeirinha com o ego dos nossos hermanitos...
Espelho
Estou para descobrir o que faz dessa região geográfica ter tantos lagos. Eles se dividem em dois países mas geograficamente, estão próximos uns aos outros. Aparentemente os lagos foram criados a partir de vulcões. O que temos certeza é que muitos dos lagos são alimentados por água de degelo das montanhas. Por isso as cores azuis tão vibrantes!
Do lado argentino não são os vulcões que chamam a atenção e sim os lagos em si. Temos que confessar que achamos os lagos argentinos mais bonitos que os chilenos. São mais azuis e mais "espelhos", refletindo as montanhas. Visitamos essa região em meados de março e estava sem neve. Algo me diz que com as montanhas nevadas as paisagens ficam espetaculares.

Traful
Nós fizemos a rota dos 7 lagos e duas cidades prá lá de badaladas: Villa La Angostura e Bariloche. Segue nossa experiência.
O melhor caminho para se avistar lagos bonitos é o trecho entre La Angostura e San Martin de Los Andes pela via 234. A estrada está sendo asfaltada e conta com uns 40 km de rípio médio. No caminho, placas indicam o nome dos lagos e lugares para acampar. O melhor é também ter um mapa da região que pode ser solicitado gratuitamente nos quiosques de informações turísticas da região.  

Passamos por todos os principais lagos desse roteiro e podemos ser sinceros dizendo que dá para enjoar. Foram duas semanas de lagos tanto do lado chileno quanto do lado argentino que cansamos!
Visitamos o Nahuel Huapi (onde fica la Angostura), Espejo, Espejo Chico, Correntoso, Traful, Escondido, Villarino, Falkner, Machonico e o Lacar onde fica a cidade de San Martin.



Temos alguns preferidos. O Correntoso por sua cor caribe, com azuis de três tons, está na lista dos mais bonitos de toda a viagem. 


O Correntoso é muito bonito

O Nahuel Huapi é enorme e maravilhoso, banhando além de Angostura, a cidade de Bariloche. Nele você pode realizar passeios de barco, pescar, caminhar, andar de caiaque, mergulhar entre outras atividades interessantes. Aqui está localizado um parque nacional mas sem pagar a entrada, pudemos passear pela península La Villa e visitar os piers Bahia Brava e Modesta Victoria. 
Nahuel Huapi

O lago Lacar também é muito bonito e frequentado, onde uma porção de gente passa a tarde tomando mate e se esquentando ao sol.
Lacar

Nesse trecho dos lagos é possível acampar gratuitamente em lugares determinados ou em campings pagos. Mais uma vez, realizamos um camping selvagem, dessa vez no lago Falkner, embalados por toneladas de estrelas que teimam em nos acompanhar. Sorte pura!
Toneladas de estrelas

As cidades dos lagos são puro charme! San Martin de los Andes é a menor e menos interessante delas. Mas você necessariamente passará por ela no caminho dos lagos e após tanta natureza, uma cidade arrumadinha cai muito bem.
Cachoeira Inacayal
Villa la Angostura é o destino top de quem visita a região e quer esquiar. Muitos hotéis românticos, vários restaurantes e alguns supermercados são alguns dos serviços prestados. Nós ficamos num bom camping e fizemos nossa própria comida. Passamos dias agradáveis em Angostura.
Também queríamos esticar as pernas e resolvemos caminhar até a cachoeira Inacayal. O caminho é só subida e chegando até a cachoeira percebemos que ainda bem que a Argentina tem tantos lagos bonitos. A cachoeira é mixuruca, apesar de todos os UAUs que ouvimos a respeito dela.
Agora nosso destino preferido foi Bariloche. Destino de brasileiro que quer dizer que esquiou, Bariloche é charmosa mas cheia de serviços. Além disso, tem vários programas interessantes para se fazer e não é só esqui. Na verdade o pessoal de lá diz que a melhor época para visitar a região é no verão, para aproveitar os lagos com temperaturas mais amenas.
Nós chegamos um pouco antes da Páscoa e como Bariloche é famosa também pelos seus chocolates, pelo segundo ano consecutivo estavam fazendo o maior ovo de Páscoa do mundo com mais de 8 metros de altura e 3000 kg de chocolate! Eles distribuem o ovo na Páscoa, de graça. Pena que não pegamos a distribuição mas em compensação vimos a confecção do ovo. Usar chocolate como reboco e utilizar serra tico-tico para cortar as placas de chocolate ficará para sempre em nossas memória.


Fazendo uma parede de chocolate


As ruas Mitre e Moreno são as principais ruas. Nelas se concentram lojinhas, chocolaterias, restaurantes e cafés. Batemos muita perna por ali.
Também realizamos o Circuito Chico para conhecer o outro lado do lago e recomendamos.
Agora imperdível aos domingos é comer um curanto na Colonia Suiça. Curanto é uma comida típica da região que eles fazem assim: enterram num buraco as comidas – carnes, frutas e vegetais- colocam pedras quentes dentro, em cima colocam folhas de árvores e tampam tudo com terra. Aqui o sabor da comida não interessa tanto. Vale mais a experiência de participar de um evento tão diferente, ver a fumaça saindo da terra e assistir o desenterramento da comida. Passamos em frente despretensiosamente mas impossível não experimentar!


Mirante no Circuito Chico


Indo para o sul, passamos pelo Parque Nacional Los Alerces onde existem árvores gigantes e milenares, os alerces.  A latitude onde ficam os alerces é quase identica a latitude das sequioas, nos EUA e como gostamos muito desse parque estadunidense, seria a oportunidade de cruzar informações. Mas tivemos que dar meia volta da porta por falta de informação dos funcionários. Não sabiam informar onde estavam as árvores e a estrada principal reabriria apenas a partir das 16 horas. Infelizmente,  a comparação ficou apenas no atendimento: que diferença dos parques estadunidenses para a Argentina, pois apesar de não saberem informar insistiam que deviamos comprar os ingressos para entrar no parque. Essa situação de desinformação em atendimento ao turista se repetiu várias vezes na Argentina. Com propriedade, nos deram horários errados de funcionamento de atrações, campings que "por supuesto"estão abertos e que estavam fechados depois de percorrermos quilômetros, entre outros. Existe uma presunção muito grande da parte deles, eles nunca dizem que não sabem. Eles preferem dar uma informação errada a assumir ignorância. Complicado com relação ao turismo. Já conscientes dessa característica do povo, resolvemos não arriscar e seguir estrada.
Nada profissional. 


Daqui seguimos para a Patagônia, sempre pela ruta 40, nossa fiel companheira! Até o próximo post!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Região dos lagos - Chile

Lago Villarrica
Seguindo a panamericana sentido sul, você chega a região dos lagos do lado chileno. Comparando com a vizinha Argentina, essa região é mais tranquila. E apenas do lado do Chile é que se pode apreciar os lagos com vulcões de topo nevado ao fundo. Uma beleza fora de série!
São tantos lagos que a gente até se perde! Para quem visita com frequência, é possível escolher o que mais gosta e perceber mais diferenças. Pra gente, apesar de diferentes eles eram bem parecidos...
As cidades mais charmosas e que contam com mais serviços são Villarrica e Puerto Varas. Nelas existem mais restaurantes, hotéis e cafés. Nós fomos em baixa temporada e foi difícil achar campings e até restaurantes abertos. Já na alta, nos disseram que é tudo muito lotado já que o chileno aproveita os lagos como se fossem praias de mar. Acho que o pacífico tem águas mais geladas e escuras que os lindos lagos...
Tem programa prá tudo: passear de barco (dizem que o passeio é belíssimo), alugar caiaques, pedalinhos, realizar trilhas, subir no topo de vulcões e flanar, o que ultimamente temos feito de melhor. Nós fizemos as estradas cênicas. Vamos aos lagos visitados por nós:
Villarrica: duas cidades dividem esse lago: a homônima Villarrica e Pucón. Esse lago é maravilhoso, mais ainda apreciado de Pucón. Ao fundo está o vulcão Villarrica que fica dentro de um parque nacional. Nós visitamos o parque e existem várias opções de trilha, inclusive uma subida até a cratera do vulcão, a 2.847 m. Optamos apenas em subir até o centro de esqui para apreciar a vista privilegiada de cima. O centro de esqui estava fechado, abrindo apenas para a temporada de inverno. Esquiar com essa paisagem deve ser incrível!
Apesar da pouca neve, fazia muito frio no PN Villarrica

Vulcão apreciado desde Pucón

Rua em Pucón: vulcão onipresente

Caburga: outro lago maravilhoso mas dessa vez o que chama a atenção são suas praias, a Blanca e a Negra. Até tomamos um solzinho. Mas entrar na água não dá. Para brasileiro a água é fria.
Lago Caburga

Pedalinho na Playa Negra

Calafquén: ficamos na cidade de Lican Ray que de melhor tinha o camping. Mais um lago com vulcão ao fundo e possibilidades de pequenas trilhas para mirantes. Foi aqui que provamos os deliciosos ostiones al pil pil numa tarde preguiçosa.

Casa típica

Tarde preguiçosa apreciando o Calafquén desde a Plauya Chica

Coñaripe: não lembro desse lago. Acho que apenas passamos rapidamente por ele.
Panguipulli: esse é sem graça. Achamos a cidade homônima feia comparada com outras cidades gracinha da região. Salva pela igrejinha simpática de influência alemã.
Igrejinha

Lago Panguipuli

Lago Ranco: esse lago é gigantesco! As vistas mais bonitas são de mirantes na estrada. A cidade de Futrono é ok, chegamos num domingo e a galera tava lagarteando ao sol.
Lago Ranco

Praia de lago

Llanquihué: esse lago também é imperdível principalmente pelos dois vulcões possíveis de se avistar, o Osorno e o Calbuco. Passamos por três cidades que ficam nesse lago. Frutillar é a mais charmosa e onde é possível de se notar a cultura alemã mais presente nas casas, na organização e limpeza da cidade e nas feições das pessoas. Nessa cidade existem um animado festival de música e um teatro tão bonito que poucas cidades desse porte tem capacidade de manter. Vale com certeza a passagem! 
Frutillar
Puerto Varas é outra cidade situada nesse belo lago. A cidade tem vida também fora da temporada e foi isso que mais nos encantou. Cafés, supermercados e o lago em si fazem a alegria dos turistas que podem alugar caiaques para dar um role. 

A cidade homônima de Llanquihué é pacata. Foi nela que encontramos um camping com visão panorâmica pro lago com vulcão ao fundo.

Lago Puyehue: passamos rapidamente pela cidade de Entre Lagos porque estava chovendo mas precisávamos acabar com as coisas da geladeira para cruzar a fronteira com a Argentina. Foi nesse lago que percebemos como demos sorte nos outros dias de pegar um sol lindo.

Ainda visitamos duas cidades que apesar de não ficarem em lagos ficam próximas e também valem a passada. A história foi a seguinte: quando chegamos ao Chile, nossa expectativa era comer peixe e frutos do mar todos os dias. Ainda mais que vínhamos da Argentina onde passamos duas semanas fazendo nossas parrillas nos campings com ojo de bife e bife de chorizo. Precisávamos dar um tempo de carne. Mas nos lagos estava difícil encontrar peixes, principalmente em supermercados. Decidimos então visitar a cidade de Valdívia que fica numa ponta de rio próxima ao oceano.
Feira de peixes em Valdívia

Fizemos bem principalmente porque aos domingos a feira no mercado de peixes é bem movimentada. Bom, os peixes estavam praticamente vivos! Gostaríamos de sair com quilos deles mas com nossa microgeladeira, um salmão e uma merluza austral já davam conta do recado.
A quantidade de moluscos em conchas é absurda, numa vimos uma variedade tão grande! E para a garotada, vários leões marinhos ficam pertinho esperando uma cabeça de peixe ser entregue pelos peixeiros.
Mariscos

Além dos peixes, tinha uma feira normal com frutas e vegetais. Destaque para as frutas rosa mosqueta e as berries (framboesas, amoras, cranberries). Frutas que no Brasil a gente ouve falar que existem e que no Chile são super comuns.
As delicadas e deliciosas framboesas
Apesar de tantos peixes, nos restaurantes a influência é alemã. Portanto, comemos salsicha e cerveja. Nada mal...
Variedades de cerveja em pequenas amostras

A outra cidade fora do roteiro Lagos foi Puerto Montt. Nosso objetivo era claro: Puerto Montt é considerada a capital do salmão. As fazendas de salmão ficam ali perto e levam ao mercado os peixes super frescos. Além do salmão, encontramos a deliciosa centolla. Detesto comer siri porque demora muito ficar com um martelinho crec crec quebrando a casquinha e chupando uma miséria de carne. A centolla é graúda, cheia de carne, mas o melhor é que você pode comê-la já desfiada fora da casca. É o filet mignon da centolla!
Centollas

Também vimos como eles montam uns potes com os moluscos. Impressionante, eles abrem todas as conchas na mão com uma faquinha. Vimos muito ouriço também, mas esse não tivemos vontade de experimentar.
Restaurantes na parte de cima

Além de banquinhas que comercializam os peixes e frutos do mar, o mercado conta com restaurantes. Praticamente todos vendem os mesmos produtos. Basta escolher o que você simpatiza mais e saborear a deliciosa e rica culinária chilena do mar!
Salmão

Para salivar:

- adoramos comer bem, isso não é um mistério para ninguém. Também adoramos fazer comidas gostosas. Por isso queríamos tanto um peixe para comprar! Bom, salmão fizemos de algumas formas mas a mais interessante foi na brasa. Com a pele prá baixo e apenas um pouco de sal o salmão chileno super fresco na brasa ficou delicioso! Praticamente imbatível! Para acompanhar, vinho branco e um lindo lago com vulcão ao fundo...


- era época das berries! A mais comum é uma que parece com nossa amora mas a árvore é um pouco diferente, tem muitos espinhos. Eles chamam de mora e acreditamos que seja a blackberry. Enfim, tinha amora prá tudo que era lado. De tão mato, as pobrezinhas estragavam nas árvores. Nem os passarinhos comiam! Mas nós não deixamos passar a oportunidade e comemos um monte de amoras, puras, na granola e até fizemos geleia delas.

- aproveite as berries e peça nos restaurantes e cafés o suco de framboesa ou cranberry. Eles fazem com frutas frescas. Outro suco delicioso e que foi uma verdadeira surpresa foi o de chirimoya (atemóia). Surpresa porque não vimos uma atemóia para vender, nunca pensamos que atemoia dava suco e o suco dela era super comum. Aproveite!
Chupe
- na região dos lagos, principalmente na cidade de Villarrica, não deixe de provar a k¨uchen, uma torta típica alemã. Doce na medida e super leve!
- os mariscos são deliciosos!!! Coma-os sem culpa! E passe num supermercado para ver a variedade de mariscos em lata que existe no Chile. Compramos algumas latinhas, claro!
- agora nossa melhor dica é: não deixe de comer um chupe, de preferência de centolla. É uma das melhores comidas da viagem e assim que voltarmos prá casa vamos tentar fazer. 

Centoll desfiada

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