quarta-feira, 26 de junho de 2013

Brasil!

Nem deu para esquentar nossa chegada no Brasil. Sim, estávamos morrendo de saudades da pátria mãe mas nossos planos mudaram no decorrer da viagem e entramos no Brasil para logo depois sair para a Argentina na região das misiones.
Entramos por Chuí, a cidade mais sul do Brasil! Lembrando que saímos por Pacaraima em Roraima, a cidade mais ao norte do Brasil! Ficamos longe da nossa terra durante 16 meses. Nunca havíamos ficado tanto tempo fora do Brasil.
A fronteira foi tranquila, apenas entregamos os papéis na saída de Chuy (Uruguai). Com relação ao carro, não foi necessário fazer nada, já que estamos no Mercosul. Chegando ao Brasil foi engraçado, porque queríamos que dessem nossa entrada. Acostumamos assim, após cruzar mais de 20 fronteiras diferentes. E também queríamos a marquinha de que estávamos de volta. Mas descobrimos que brasileiros não precisam dar entrada em seu próprio país!
Iupi
Beleza, na nossa terra, falando uma língua que dominamos 100% do tempo, ainda desacostumados com as sinalizações escritas em português, precisando fazer um esforço cerebral para ler as placas. Como se o cérebro nos dissesse: não pode ser tão fácil assim a compreensão, deve ter uma pegadinha...
Depois de oito meses em países que falam espanhol, mais um bom tempo de inglês que não foi abandonado após a saída dos EUA (continuávamos falando para nos comunicar com outros viajantes), só voltando a falar sua língua com fluidez para perceber como a gente se esforçava para falar, ler e pensar em outras línguas! Com mais facilidade, menos, com algumas confusões, até que lidamos bem com a comunicação durante a viagem.
Igreja em Porto Alegre
Percebemos como falar outra língua é fundamental, principalmente para quem está viajando. Se fazer entender e entender os outros evita muitos problemas. Fora que aproxima as pessoas.  A gente sempre se esforçou para se fazer entender na língua do país. E até forçávamos a barra muitas vezes, em alguns países latinos que viam que a gente era estrangeiro e começavam a falar inglês com a gente (talvez pra treinar o ingles deles, sei lá), a gente respondendo em espanhol, e o povo falando em inglês e a gente em espanhol. Muitas vezes a gente parava com isso e falava pra pessoa: “melhor falar comigo em espanhol, não entendemos nada de inglês. E por que você está falando inglês, aqui no seu país não é o espanhol a língua oficial?” Isso aconteceu várias vezes pela América latina. Em dias sem paciência, pedíamos para falar em português. Principalmente em quiosques de informação turística. O cara dá um folder em inglês e a gente: português por favor! Ihhh, não temos! Serve espanhol? Por supuesto!
Outras vezes, a gente fingia que não entendia espanhol, principalmente com algum policial que tinha o jeito da implicância, em fronteiras... A gente dava uma enrolada, falava que não entendia. Ouvimos de viajantes mais experientes que usavam o mesmo truque que a gente que pediam até para o cara escrever. Compromete muito principalmente se o cara tá pedindo dinheiro indevido.
Em outras situações, a gente não entendia de verdade o que as pessoas diziam. Mas tudo bem também, a gente sempre se virou. Não passamos fome, nem frio, encontramos caminhos e sabíamos os preços das coisas. E ainda conseguimos dar nossa opinião e reclamar quando necessário. Até xingar de vez em quando...
Claro que fomos aprimorando no decorrer da viagem. Pegando algumas nuances das línguas. Mas voltando ao Brasil, o português parecia música de anjos para nossos ouvidos. Nos divertíamos com peculiaridades da nossa língua. Chegando a Porto Alegre, tivemos que comprar um cartão telefônico. Na loja onde compramos a moça com simpatia nos explicou: “Mas se for ligar pra celular, não espicha, senão ele come rapidinho!”. Saímos rindo da loja, gringo jamais pegaria o sentido dessa frase. Com a gente, fora do Brasil, muita coisa assim deve ter passado!
Ouvir essa frase ajudou a nos tocar, sim, estamos de volta! Prá uma realidade conhecida e confortável. Isso é bom de sentir após muito tempo fora de casa.
Outra coisa foi a natureza que encontramos logo perto da fronteira. Na margem da estrada, passando pela tripinha que liga Chuí a Pelotas, vimos maior diversidade de animais num pequeno espaço do que em toda Costa Rica. Lógico, na Costa Rica eu não me embrenhei na floresta atrás das minúsculas pererecas. Mas comparando com outras estradas, vimos jacarés e capivaras, dezenas deles convivendo pacificamente com uma quantidade enorme de aves. Da janela do carro. Encantador.
A passagem por PoA foi rápida. Encontramos um amigo do Mauro no trabalho e conhecemos pessoalmente novos amigos que contatamos pela internet. Diana e Fabiano também são viajantes, campistas de carteirinha. Eles têm um ótimo blog com a relação de campings onde ficaram não só no Brasil, como na América do Sul e Europa. Nos receberam em sua casa para um jantar e conversa. Foi ótimo!
Gurizada boa essa
De Porto Alegre tenho pouca informação. Bom mesmo foi voltar a comer por quilo, um monte de salada, comida fresquinha e saborosa. Perguntar e entender  a resposta sobre qual ônibus tomar. E também, ficar com receio de estar de relógio na rua. E reclamar um monte dos pedágios no Brasil. Que coisa de louco, muitos e caros!
Muito prazer, Brasil!

Seguimos para a região das missões. E lá encontramos uma história que desconhecíamos. Como estrangeiros no próprio território. Sobre isso, no próximo post!

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