quarta-feira, 26 de junho de 2013

Brasil!

Nem deu para esquentar nossa chegada no Brasil. Sim, estávamos morrendo de saudades da pátria mãe mas nossos planos mudaram no decorrer da viagem e entramos no Brasil para logo depois sair para a Argentina na região das misiones.
Entramos por Chuí, a cidade mais sul do Brasil! Lembrando que saímos por Pacaraima em Roraima, a cidade mais ao norte do Brasil! Ficamos longe da nossa terra durante 16 meses. Nunca havíamos ficado tanto tempo fora do Brasil.
A fronteira foi tranquila, apenas entregamos os papéis na saída de Chuy (Uruguai). Com relação ao carro, não foi necessário fazer nada, já que estamos no Mercosul. Chegando ao Brasil foi engraçado, porque queríamos que dessem nossa entrada. Acostumamos assim, após cruzar mais de 20 fronteiras diferentes. E também queríamos a marquinha de que estávamos de volta. Mas descobrimos que brasileiros não precisam dar entrada em seu próprio país!
Iupi
Beleza, na nossa terra, falando uma língua que dominamos 100% do tempo, ainda desacostumados com as sinalizações escritas em português, precisando fazer um esforço cerebral para ler as placas. Como se o cérebro nos dissesse: não pode ser tão fácil assim a compreensão, deve ter uma pegadinha...
Depois de oito meses em países que falam espanhol, mais um bom tempo de inglês que não foi abandonado após a saída dos EUA (continuávamos falando para nos comunicar com outros viajantes), só voltando a falar sua língua com fluidez para perceber como a gente se esforçava para falar, ler e pensar em outras línguas! Com mais facilidade, menos, com algumas confusões, até que lidamos bem com a comunicação durante a viagem.
Igreja em Porto Alegre
Percebemos como falar outra língua é fundamental, principalmente para quem está viajando. Se fazer entender e entender os outros evita muitos problemas. Fora que aproxima as pessoas.  A gente sempre se esforçou para se fazer entender na língua do país. E até forçávamos a barra muitas vezes, em alguns países latinos que viam que a gente era estrangeiro e começavam a falar inglês com a gente (talvez pra treinar o ingles deles, sei lá), a gente respondendo em espanhol, e o povo falando em inglês e a gente em espanhol. Muitas vezes a gente parava com isso e falava pra pessoa: “melhor falar comigo em espanhol, não entendemos nada de inglês. E por que você está falando inglês, aqui no seu país não é o espanhol a língua oficial?” Isso aconteceu várias vezes pela América latina. Em dias sem paciência, pedíamos para falar em português. Principalmente em quiosques de informação turística. O cara dá um folder em inglês e a gente: português por favor! Ihhh, não temos! Serve espanhol? Por supuesto!
Outras vezes, a gente fingia que não entendia espanhol, principalmente com algum policial que tinha o jeito da implicância, em fronteiras... A gente dava uma enrolada, falava que não entendia. Ouvimos de viajantes mais experientes que usavam o mesmo truque que a gente que pediam até para o cara escrever. Compromete muito principalmente se o cara tá pedindo dinheiro indevido.
Em outras situações, a gente não entendia de verdade o que as pessoas diziam. Mas tudo bem também, a gente sempre se virou. Não passamos fome, nem frio, encontramos caminhos e sabíamos os preços das coisas. E ainda conseguimos dar nossa opinião e reclamar quando necessário. Até xingar de vez em quando...
Claro que fomos aprimorando no decorrer da viagem. Pegando algumas nuances das línguas. Mas voltando ao Brasil, o português parecia música de anjos para nossos ouvidos. Nos divertíamos com peculiaridades da nossa língua. Chegando a Porto Alegre, tivemos que comprar um cartão telefônico. Na loja onde compramos a moça com simpatia nos explicou: “Mas se for ligar pra celular, não espicha, senão ele come rapidinho!”. Saímos rindo da loja, gringo jamais pegaria o sentido dessa frase. Com a gente, fora do Brasil, muita coisa assim deve ter passado!
Ouvir essa frase ajudou a nos tocar, sim, estamos de volta! Prá uma realidade conhecida e confortável. Isso é bom de sentir após muito tempo fora de casa.
Outra coisa foi a natureza que encontramos logo perto da fronteira. Na margem da estrada, passando pela tripinha que liga Chuí a Pelotas, vimos maior diversidade de animais num pequeno espaço do que em toda Costa Rica. Lógico, na Costa Rica eu não me embrenhei na floresta atrás das minúsculas pererecas. Mas comparando com outras estradas, vimos jacarés e capivaras, dezenas deles convivendo pacificamente com uma quantidade enorme de aves. Da janela do carro. Encantador.
A passagem por PoA foi rápida. Encontramos um amigo do Mauro no trabalho e conhecemos pessoalmente novos amigos que contatamos pela internet. Diana e Fabiano também são viajantes, campistas de carteirinha. Eles têm um ótimo blog com a relação de campings onde ficaram não só no Brasil, como na América do Sul e Europa. Nos receberam em sua casa para um jantar e conversa. Foi ótimo!
Gurizada boa essa
De Porto Alegre tenho pouca informação. Bom mesmo foi voltar a comer por quilo, um monte de salada, comida fresquinha e saborosa. Perguntar e entender  a resposta sobre qual ônibus tomar. E também, ficar com receio de estar de relógio na rua. E reclamar um monte dos pedágios no Brasil. Que coisa de louco, muitos e caros!
Muito prazer, Brasil!

Seguimos para a região das missões. E lá encontramos uma história que desconhecíamos. Como estrangeiros no próprio território. Sobre isso, no próximo post!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Uruguai



Esse pequeno país que perde de território apenas para o Suriname na América do Sul, tem como principais manifestações culturais traços de Argentina e Brasil: o tango e o carnaval.   Mas diferentemente de seus conhecidos vizinhos, o uruguaio é um povo pacato. Esqueça a agitação de Buenos Aires ou o nervosismo de São Paulo. Montevideo, a capital, tem vida tranquila. Com apenas 1 milhão e 300 mil habitantes (a metade da população do país), prédios que remetem a uma época anterior, a cidade é grande o suficiente para ser visitada em um final de semana.

Sem o charme dos cafés portenhos e a praticidade das padarias brasileiras, Montevideo tem ritmo lento quando se trata de comer fora. Fomos a um bom restaurante.  Mas comemos supreendentemente bem nos carrinhos de lanches de rua. Não perca o chivito (uma espécie de x-tudo) e recomendamos também o suculento pancho com panceta, cachorro quente com bacon embrulhado na salsicha. O forte deles é o lanche de rua!
A melhor carne da vida


Para carnes existe o tradicional Mercado del Puerto na Ciudad Vieja, cheio de casas que fazem parrillas. Peça a pulpa (costela) ou fique no ancho (que corresponde ao ojo de bife argentino). O jeito do churrasco deles é diferente do nosso e do argentino. Eles utilizam a brasa da madeira e não o fogo. Misturando a técnica uruguaia com a brasileira, conseguimos comer a melhor carne da nossa vida: feita pelo Mauro num camping, um ojo de bife de bois uruguaios. Super bem acompanhado da excelente cerveja mexicana Negra Modelo.
Mercado do Porto

Ainda na Ciudad Vieja visitamos o bom Museo de Arte Precolombino Indígena que se localiza num edifício do séc. XIX. Nele encontramos um acervo com peças que pertenceram a diferentes culturas dos povos pré-colombianos na América Latina. As informações escritas estão ótimas.

A avenida 18 de julho vale ser percorrida a pé para se admirar bonitas construções como o Palacio Salvo e o Teatro Solis.
Palacio Salvo

Ainda na 18 de julho, não perca uma visita ao Mirante Panorâmico da Intendência de Montevideo. A entrada é gratuita e do 25 andar tem-se uma vista de toda a cidade com painéis ilustrativos auto explicativos. Lembre-se de retirar as entradas antes de subir no edifício no módulo de Informação turísitica localizado na Praça Libertad.

Domingo é dia de feira na rua Tristán Narvaja. Aqui você encontra de tudo: desde legumes e frutas a antiguidades. A feira é enorme, abraça várias ruas adentro e quanto mais afastado da 18 de julho, mais peculiar fica. Lá você encontra tudo que é coisa e os objetos estão agrupados sem ordem. Você pode encontrar lado a lado pelúcias velhas assim como ferramentas ou móveis. Até vidro de perfume vazio tem! Para quem quer montar negócio com objetos vintage, é o lugar certo de se ir!

Como ficamos num hostel em Punta Carretas, frequentamos bastante o shopping de mesmo nome principalmente para passear.  A região de agito fica ali próximo, no bairro de Pocitos.


Feira de domingo: muita quinquilharia


Bom lembrar que Montevideo é banhada pelo rio da Prata, apesar de parecer um grande mar. Para uma bela vista do skyline da cidade, vá à península que forma em Punta Carretas e pare perto do farol. Foi aqui que dormimos nossa primeira noite em Montevideo, numa área já conhecida por overlanders.
Skyline do farol


Montevideo não foi nosso primeiro destino no Uruguai. Saímos de Buenos Aires com o buquebus e chegamos em Colônia do Sacramento em uma hora.

Colônia é bonita, uma cidade colonizada por portugueses. Por isso tantos azulejos. As ruas de pedra lembram Parati.
Casa em Colonia do Sacramento


Tem muitos restaurantes e cafés movimentados durante o dia pois muita gente faz bate e volta a partir de Buenos Aires. Demos azar e pegamos uma tempestade fortíssima nos dois dias que ali ficamos.
Colônia


No caminho para o Brasil, paramos em Punta del Leste. Nossa expectativa para essa cidade estava alta e qual não foi nossa decepção quando lá chegamos e encontramos uma cidade fantasma.


O agito de Punta fica no verão. São três meses de vida e depois, muitos estabelecimentos fecham suas portas. Inclusive o Mc Donald´s da av. Gorlero estava fechado. Os apartamentos são de temporada e vimos prédios e mais prédios totalmente apagados. Um desperdício de espaço e recursos.

A cidade é bonita, fica no local onde o rio da Prata encontra o mar e é banhada pelos dois. A orla é bem cuidada, com algumas esculturas interessantes como das sereias e a mão.
Solta o nosso Jumbo


O entardecer é especialmente bonito apreciado de Punta Ballena onde também se localiza o Museo Taller Casapueblo de Carlos Paéz Vilaró. Visitamos por indicação de todos que visitaram Punta  mas recomendamos com moderação; apesar da entrada bem paga, o local é mais um espaço comercial do que um museu. A construção toda em barro pintada de branco com vista para o mar é o destaque.
Casapueblo


Foi uma passada rápida pelo Uruguai. E tivemos a sorte de poder assistir um concerto com o melhor violinista da atualidade: Itzak Perlman. Saimos enlevados com suas notas. Só por isso, o Uruguai já valeu a pena!
Na expectativa do concerto

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Buenos Aires

A capital argentina é uma queridinha para gente. Tanto que dessa vez, resolvemos ficar uma semana só nela, aproveitando toda a urbanidade que sentíamos falta. Vamos incluir nisso cinema, cafés, parques e restaurantes.


Para facilitar a mobilidade dentro da cidade, deixamos o Jumbo estacionado bem longe do centro, num local interessante para overlands. O nome do espaço é Andean Roads, local que aluga motorhomes. Apesar da longa distância, o preço e o espaço seguro compensaram. 
Alugamos um apartamento para nossa estadia. A experiência de estar numa cidade como se fosse um morador dela é muito interessante. Comprar pão, frequentar supermercados e andar de ônibus faz com que a integração com os locais seja muito rápida. No final das contas, sai elas por elas alugar apartamento e ficar num hotel. Lembrando que você vai lavar a louça de tudo que usar, arrumar a cama diariamente, etc. Para quem estava vivendo no Jumbo há meses, a quitinete era gigante! E tinha muito conforto também. Para alugar apartamentos no exterior indicamos esse site: homelidays
Já conhecíamos Buenos Aires de outras viagens. Então a “necessidade” de visitar alguns pontos turísticos não existia e por isso, focamos em atividades que realmente gostaríamos de fazer.
Milongando
Uma das coisas que decidimos fazer foi aula de tango nas milongasRecomendamos pelo menos uma noite numa milonga. Nesses clubes, os porteños aparecem para dançar e se divertir até virar o dia. É muito lindo vê-los dançar! Além disso, algumas noites tem show de música. Nós vimos o grupo Otros Aires, um tango eletrônico à moda de Gotan Project. Fomos no La Viruta mas existem dezenas de espaços milongueiros, é só pesquisar na net
Ainda sobre a noite porteña, a Calle Baez, localizada no bairro Cañitas tem um bar encostado no outro. Essa região é a certa para quem quer badalar.
Restaurantes bons em Buenos Aires não faltam. Estamos numa cidade cosmopolita onde uma parrila é tão boa quanto sushis, massas, comida árabe e vegetariana. Tem para todos os gostos e bolsos. Geralmente, come-se muito bem com bem menos, comparado com o Brasil. Aproveite essa festa gastronômica e organize algumas experiências em restaurantes. Indicamos fervorosamente um restaurante de bairro absolutamente fora de roteiros turísiticos: Rio Alba, em Palermo (Cerviño x Fray Justo). Ojo de Bife perfeito, ideal para dividir, porção de legumes grelhados e crepe de Dulce de leche divina. Quer mais? Com vinho, menos de R$100 para o casal.

Ojo de bife

Bom lembrar que os horários dos porteños são diferentes: saem tarde para almoçar e jantar. Isso significa restaurantes abertos a partir às 20 horas e movimento total umas dez da noite. Ajuste-se se não quiser dar com a cara na porta!
Carrinho de choripan
Os cafés são uma instituição na capital. Estão incrustados na vida dos argentinos como as padarias para os paulistas. O comum é consumir a mesma coisa não importa a hora: facturas (croissants), café com leite e um suco de laranja pequeno. Vimos algumas pessoas comendo esse café da manhã inclusive durante a noite. Rapidamente nos integramos a esse saudável hábito. Recomendamos o Café Martinez (rede), o Ibérico (ótimo chocolate quente com churros) e o La Puerto Rico, esse último em San Telmo e detentor do posto de melhor espresso de Buenos Aires no padrão Anima de qualidade. Não tenha pressa, peça o jornal da cafeteria (eles sempre tem um monte de jornais e revistas) ou participe de alguma conversa com os frequentadores.
Uma comida de rua imperdível é o choripan. Nada mais é que linguiça (chorizo) no pão. Simples e matador de fome, os carrinhos se espalham pela cidade. Provamos nosso primeiro em Mendoza e aqui repetimos a dose!
Não perca a oportunidade de tomar um bom sorvete. A Freddo é uma sorveteria semi artesanal que está em todo o canto. É boa e tem umas promoções de um quarto de litro tentadoras. Preste atenção aos cartazes. Outras duas excelentes são a Una Altra Volta e Persicco, essas artesanais. Nós acostumamos a pedir sempre um quarto. Vale mais a pena e podemos escolher até três sabores.
Delicioso

Pronto, vamos parar de falar em comida. Vamos para o tópico compras. A Argentina está numa situação complicada política e economicamente. O câmbio “azul” está valendo bem mais que o oficial e isso está causando uma confusão danada na economia. Já foi muito barato para fazer compras. Agora, continua sendo porque tudo no Brasil é muito caro mas deixou de ser o motivo principal de uma viagem a Buenos Aires. Para quem não consegue sair sem uma sacolinha na mão, a Córdoba continua sendo o paraíso de outlets. Levi’s, Cacharel e outras famosas dão as caras com bons preços. O garimpo é fundamental, sempre!
A Galeria Pacífico tem as lojas mais chiques e os preços mais caros mas é um ótimo passeio. Além disso, conta com ótimos banheiros gratuitos e para quem está dando aquele role pela Calle Florida e ficou apertado, é só entrar na Pacífico.
Galeria Pacífico

Dessa vez, fizemos apenas dois museus, o Malba e o Belas Artes. O Malba tem um acervo maravilhoso da arte na América Latina. É lá que vive o Abaporu da Tarsila do Amaral, a obra mais emblemática do modernismo brasileiro. Também conta com obras de Di Cavalcanti, Diego Rivera e Frida Kahlo. O dia mais barato para visitá-lo é as quartas feiras. Professores têm desconto apresentando identificação.
O Belas Artes pareceu mais sombrio dessa vez. Escuro e com reflexos de luz em alguns quadros, ainda conta com um acervo interessante. Destaque para as exposições temporárias, em outra sala anexa. Na época da visita estava uma sobre papéis. O Belas Artes é gratuito.
Outro passeio cultural que pode envolver boas compras é a livraria El Ateneo. Usando o espaço de um teatro antigo, é um luxo! Passamos um par de horas lendo alguns livros nas cadeiras espalhadas pela livraria. Dentro ele ainda tem um café. Fica na Santa Fé, pertinho da Recoleta.
A Recoleta por sinal continua muito bem obrigada, com ruas agradabilíssimas para um passeio a pé. Além do famoso cemitério e a Igreja del Pilar, conta com lojas de roupas de alta costura. Bom para olhar.
Recoleta

Os argentinos possuem bastante habilidade manual e criatividade para realizar trabalhos artísticos. Na feira que rola em San Telmo aos domingos você encontra de tudo: antiguidades e lindos artesanatos. Essa feira se estende por várias quadras. Uma dica é descer em San Telmo e depois seguir caminhando até a Plaza de Mayo.
Feirinha de San Telmo

Por sinal, prepare-se para andar, andar e andar. Buenos Aires é boa de conhecer caminhando. Só assim é possível apreciar a arquitetura e entrar no dia a dia dessa grande cidade. Um bom par de tênis é o ideal para isso, deixe o saltinho para o tango da noite...
Se essa caminhada toda não te satisfez, Palermo conta com parques para todos os gostos. Quem correr? Vai lá. Quer alugar uma bike, skate, patins e qualquer outra coisa com rodinhas? Vá para lá. Alimentar patinhos? Lá também. Jardim japonês ou roseiral? É lá, é lá!
Passeador de cachorros, profissão comum em Bs As

Evita
E como se locomover em Buenos Aires? Transporte coletivo é a melhor e mais barata forma. Só tem um detalhe: ônibus não aceitam notas, apenas moedinhas. O ideal mesmo é comprar um cartão porque a passagem fica bem mais barata do que pagando com moedas. E é super fácil para recarregar. Esse cartão é integrado ao metrô, pode usar tanto um quanto o outro que não tem erro. Para saber qual ônibus pegar, existe o guia T, vendido em bancas de jornal mas dessa vez preferimos usar a internet e pesquisar com antecedência quais linhas pegar. Veja aqui nesse site.
O taxi também é barato mas fique de olho no troco, se não vem alguma nota falsa. Alguns turistas reclamaram de lhes passarem notas falsas no táxi. Na verdade, é bom ficar esperto sempre.

Aproveite essa linda cidade! E saiba que apesar de toda arrogância de nossos hermanitos, existe um povo simpático e acolhedor, que gosta de conversar, de ajudar, de te dar informação errada e de te provocar. O mais perto do Brasil que pudemos encontrar em nossas andanças pela América! Nos sentíamos praticamente em casa.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Ruta 3: a caminho de Buenos Aires

O trecho entre Ushuaia e Buenos Aires foi feito correndo. A estrada é monótona e não fizemos muita coisa a não ser ficar na estrada. Guanacos, ovelhas e estepes. Basicamente seguimos pela ruta 3 que margeia o Oceano Atlântico e vai de Rio Gallegos até a capital. Fizemos um pequeno desvio para conhecer Mar del Plata.

Estrada sem fim!

 Em Rio Gallegos passamos duas vezes por ser uma cidade com serviços interessantes para quem vai ou volta de Ushuaia, como trocar dinheiro e ir ao supermercado. Dela seguimos para Caleta Olivia e Comodoro Rivadavia, duas cidades que destoaram da crise que a Argentina está mergulhada por aparentarem estar em plena expansão por serem base para a YPF. Seguimos para Camarones, cidade pacata, muito pacata, na beira do Atlântico.
Fizemos um desvio para conhecer Gaiman, cidade de colonização galesa (welsh), gritante nas construções. Aqui eles mantém a tradição das casas de chá e até a Lady Diana tomou um chá das cinco nessa cidade do estado de Chubut.

Gaiman

Passamos por Trelew para visitar dois museus que estavam fechados. Seguimos para Puerto Madryn, uma cidade gracinha a beira mar, base para quem quer explorar a Peninsula Valdez. Deixamos Valdez para uma próxima oportunidade por não ser época de baleias, as grandes celebridades da região. Mas aproveitamos para descansar por dois dias no camping e esticar as pernas em caminhadas pela orla da praia.
Entardecer em Puerto Madryn

Paramos ainda em Villalunga, antes de Mar del Plata. Não fizemos absolutamente nada em Villalunga, apenas paramos num posto de gasolina super tranquilo e cozinhamos nosso primeiro wok da viagem. Entretanto, o ponto marcou por aparecer uma paisagem um pouco diferente da que estávamos vendo há semanas: plantações! Sim, estávamos nos afastando do fim do mundo.
Dormimos no posto

Adoramos Mar del Plata. Uma cidade elegante e gostosa para se passear no calçadão da praia. Aqui, o costume de tomar mate (o chimarrão do Brasil) é um costume absolutamente enraizado na cultura e o melhor lugar para avistar as pessoas passeando com mate embaixo do braço é na orla. Fomos também até o Mercado localizado no porto para comer peixe. As porções são gigantescas, fáceis para dividi-las a dois. Mar del Plata é outra cidade muito boa para comer peixe, assim como Ushuaia.
Mar del Plata

Não perca um passeio pela rua Güemes. Lojas transadas e cafés a perder de vista. Passamos uma manhã inteirinha no Café Magritte, com ótimas facturas e jornal do dia.
Para bater perna e eventualmente fazer umas comprinhas, ainda tem a peatonal San Martin e a Av. Juan B. Justo, lotada de outlets. Sobre o câmbio da Argentina, faremos um post especial um pouco mais pra frente.

O único senão foi que passamos três noites em Mar del Plata, cada noite num local. Camping organizado, selvagem e um hotel para garantir um banho quente antes de chegar a Buenos Aires, a vibrante capital da Argentina.

Chega de terra! Urbano, aqui vamos nós!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Terra do Fogo

Chegamos!

USHUAIA, finalmente, nosso destino sul da viagem.
Essa cidade argentina que dizem ser a mais austral do mundo (posição disputada porque Porto Williams, do lado chileno fica um pouco mais ao sul), era nosso objetivo sul a ser atingido de carro. E podemos dizer: Yes baby, we did it!
Ushuaia fica numa ilha, a Tierra del Fuego. Para chegar nela, temos que atravessar o Estreito de Magalhães. É, aquele mesmo que a gente aprende na escola e fica tão, tão distante, onde o vento faz a curva. Parece coisa de aventureiro!!!

Pinguins de Magalhães no canal de Magalhães

Pra quem está vindo de carro, a Terra do Fogo continua com as mesmas características da patagônia: grandes espaços abertos e amarelados, muito vento, os mesmos animais (na verdade, sentimos falta dos ñandus, não vimos nenhum por lá). Cidades (cidades?) minúsculas e pouca densidade humana. Compensada na densidade de ovelhas, a perder de vista. O que esperar de um lugar assim?
Jumbo na orla de Ushuaia

A presença da natureza, algo que ainda parece intocado. Sentir-se parte daquilo e não superior aquilo. Uma tranquilidade enorme. Sensações parecidas com a que tivemos no Alaska.
A lenga vestida de outono

Bom, impossível chegar e ir embora. Depois de tantos meses rodando de carro, decidimos descansar um pouco em Ushuaia e apreciar toda a beleza do canal de Beagle. Sabemos que essa paisagem é única e vai demorar muito tempo para vê-la novamente.

Beagle

Passeios mesmo, fizemos poucos. Existe um famoso tour de barco para se avistar animais mas acabamos passando a oportunidade.
Visitamos o Parque Nacional Tierra del Fuego, onde acaba a estrada Ruta 3. O parque conta com trilhas pelos bosques de lenga e guindo. Importante ressaltar: a geografia da área de Ushuaia é bem diferente da planície interminável na Patagônia e no resto da ilha. Para se chegar à cidade, temos que cruzar uma cadeia de montanhas e com isso a região tem mais árvores e menos vento do que nas outras partes.
O parque é bonito mas nada muito diferente das montanhas da estrada. É mais um marco, tirar uma foto na placa indicando o fim da estrada é bem legal!

Distante do Alaska

Também subimos num mirante da cidade para o Beagle caminhando montanha acima do camping onde ficamos. Um bom esforço benefício. 
Existe ainda o glaciar Martial, que pode-se chegar caminhando. A moça da informações turísticas não se empolgou muito ao descrever o passeio, disse que o glaciar é bem pequeno mas a vista é incrível. Pois bem, ficamos com a vista do mirante do camping mesmo, que é a mesma, só mais baixa.
Vista privilegiada do mirante

Agora, lindo, lindo, lindo é que estávamos no outono a estação do ano que pinta as árvores das mais belas cores. Amarelo, vermelho, laranja, marom e verde, todas essas cores víamos juntas nas lengas. Natureza vestida de outono para nos receber.
Serrinha para se chegar a Ushuaia

Estava frio. Pegamos zero graus todas as noites. Mas nós estamos preparados. Temos roupas térmicas e nosso aquecedorzinho elétrico para garantir nosso conforto.
Aproveitamos bastante para comer frutos do mar na única cidade argentina onde a carne não era sensação. Comemos muito peixe, destaque para a merluza negra, da região. E também as gigantes e suculentas centollas. Hummm.
Ushuaia missão cumprida. Agora é só reunir coragem para voltar já as estradas do sul são monótonas demais. Ô dureza!
Árvores no meio do estepe causam muita emoção

Mas a Terra do Fogo não é só Ushuaia. Um dos melhores passeios que fizemos na viagem foi a observação de pinguins rei na Bahia inútil do lado chileno. Descobrimos esse programa absolutamente sem querer enquanto pesquisávamos sobre os pinguins de Magalhães na Seno Otway. Chateados que os pinguins já tinham deixado a pinguineira, encontramos essa informação na internet, meio perdida e foi um verdadeiro achado!
Esse é o canal por onde os pinguins chegam a Bahia Inutil

Confirmamos a informação na aduana chilena e foi o incentivo necessário para enfrentar mais quilômetros de estradas de ripio no meio do nada para ver os tais pinguins. E recomendamos para todos que estejam fazendo essa viagem. É demais!

O filhote peludinho está bem no meio

Talvez você não esteja entendendo nosso auê diante desses pinguins, vou explicar melhor: esses animais têm como principal habitat a Antártida e se instalaram na Bahia Inútil um grupo de aproximadamente 30 pinguins há três anos. Ou seja, é recente que os pinguins estão nesse local. E é o único grupo deles na América. Por isso a pouca divulgação!

A senhora que nos atendeu nos explicou que o local ainda não pode ser considerado uma colônia, para isso eles precisam de três gerações de filhotes. E eles estão na primeira!
Bom, demos uma sorte enorme. Primeiro que encontramos o local. Segundo, que nos deixaram entrar apesar do parque estar “fechado” naquele dia da semana (segunda-feira). E terceiro que foram super simpáticos com a gente, nos mostraram até onde podíamos andar para observar os pinguins e foram embora, nos deixaram a chave e tudo!
Dormimos na porta do parque, ouvindo o barulhinho deles. Diz se não é fantástico!
Os pinguins vivem numa ilhazinha perto da estrada e saem por um canal algumas milhas adentro no mar para caçar pequenos peixes mas principalmente, lulas e outros moluscos. Ficamos encantados com eles e mais ainda, de poder admirá-los em seu habitat natural.
Segundo registros, havia uma colônia dessa espécie de pinguim na época da colonização. Mas eles abandonaram o local provavelmente com o ataque dos homens. Hoje, eles estão retornando.
Foi demais!!!

Hora de voltar. Hora de deixar todos esses animais e paisagens para trás. Deixar para trás as noites dormidas embalados pelos sons dos bichos, ondas do mar e murmurar do vento. Temos um longo caminho pela frente. Os lugares por onde passamos ficarão onde estão. Outros tantos irão conhecer e se encantar também. Mas as histórias vão com a gente. E a sensação de que a vida é muito boa de ser vivida e merece ser aproveitada em sua plenitude!

Informações úteis:

- Parque Pinguino Rey: Bahia Inútil, Tierra del Fuego - Chile; Ruta Y-85 Km 14 . Custa 12.000 pesos chilenos por pessoa. É recomendável usar roupas corta vento e quentes. Se tiver um binóculo, ajuda. Segundas feiras está fechado. Maiores informações no site www.pinguinorey.com
Nossa placa no Camping Hain
- Para atravessar o Estreito de Magalhães, existe uma balsa que atravessa com certa frequência do continente para a Terra do Fogo e vice-versa. Essa balsa custa P$14.000 por carro e demora uns 20 minutos.
- Como eu disse, a Terra do Fogo está dividida entre Chile e Argentina. Tem fronteira e aduana para fazer que são centralizadas e tranquilas, já que brasileiros com carro do Brasil precisam apresentar apenas o RG ou passaporte e documento do carro. 
- Retornando de Ushuaia, paramos uma noite na cidade de Tolhuin, num camping cheio de arte em frente ao lago Fagnano (Camping Hain). Os viajantes são convidados a deixarem sua marca confeccionando uma placa reutilizando materiais. Nós fizemos a nossa! Quando você for lá, dá uma olhadinha!

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